
Um olindense processou a Igreja Universal após, segundo ele, ter sido induzido a fazer diversas doações à instituição com a promessa de ser recompensado com bênçãos e uma vida melhor.
Manoel Rodrigues Chaves Filho, de 50 anos, chegou a vender uma padaria e doar o valor de R$ 31,5 mil à igreja. Após a doação, ficou desempregado, terminou o casamento e contraiu dívidas com o colégio da filha.
Áudios anexados ao processo mostram supostamente um pastor pressionando Manoel a doar dinheiro para a Universal em vez de destiná-lo à própria família. A doação foi feita em novembro de 2017.
No processo, que tramita desde 2019, Manoel, que atualmente trabalha como padeiro, pediu a restituição do valor entregue e uma indenização por danos morais. Em janeiro de 2022, o juiz Carlos Neves da Franca Neto Júnior, da 2ª Vara Cível da Comarca de Olinda, deu uma sentença parcialmente favorável a ele. A Universal recorreu, mas o recurso foi negado nesta quinta-feira (20).
Em um áudio anexado ao processo, atribuído ao pastor, ele orienta o padeiro a vender outros bens para doar à igreja. “Agora, é o senhor pegar e preparar o seu sacrifício, esse valor de R$ 30 mil e tudo que vier à mão do senhor. Se tiver mais coisa, o senhor pega e fala assim: ‘vou vender, vou pegar esse dinheiro e botar num envelope’”, diz um trecho.
Na sentença, o juiz Carlos Neves destaca que o religioso sabia das condições de vida do padeiro e que ele sustentava a família por meio da padaria.
O magistrado também afirmou estar convencido, pelas conversas de WhatsApp anexadas ao processo, de que o pastor recebeu pelo menos R$ 30 mil. “Portanto, este valor deverá ser restituído ao autor, como reparação do ilícito”, decidiu. No entanto, o pedido de indenização por danos morais não foi concedido.