Passado o processo eleitoral, vem até mim, a falsa sensação que a cidade está resolvida! Que suas contradições se findaram e, como mágica, todos os problemas acabaram.
E assim, fico perguntando, onde estão aqueles cidadãos ativos, que apontavam os tantos problemas existentes nas praças e nas calçadas públicas, que protestavam pela falta de coleta do lixo, que reivindicavam por medicamentos nos postos de saúde (e até mesmo por mais profissionais, visando melhoria no atendimento), ou que clamavam por melhores estruturas, nas feiras e nos mercados públicos?
Terminada as eleições, vi que muitos simplesmente sumiram.
E diante o fato, rememoro que, dentro dos debates sobre cidadania, existe uma máxima sociológica que avalia a democracia como um regime de governo pautado pelo voto universal e, sobretudo, pela participação popular.
Ou seja, inexiste a ideia de democracia, se não houverem vozes ou participação, e tal regime não se constroi apenas no voto. É para além disso.
Tambem, é valido ressaltar, que não existe hora ou momento certo para exercitarmos a democracia, o fazer democrático se estabelece por condutas que devem ser práticadas constantemente, sejam nas microrrelações, ou nas ações institucionais, das diferentes esferas públicas e privadas.
No entanto, avaliando o quadro pós-eleitoral das cidades, surgiu a pergunta, onde estão agora, aqueles tantos cidadãos de outrora, que na ânsia de salvaguardar os interesses do povo, cobravam providências, apontavam falhas e clamavam por transformações?
Pois bem, infelizmente, muitos desses atores, vão permitir um descortinar de suas práticas, pela história, surgindo o que podemos chamar de crítica conveniente, ou seja, um fenômeno que aparece num interregno bem pontual, entre as pré-campanhas e a corrida eleitoral, onde percebemos, em larga escala, uma autoproclamamação de indivíduos a tribunos populares, que com discursos calorosos, e olhos atentos às contradições sociais, tentam ser alçados a lideranças das massas, mas que no final, estão cumprindo apenas um papel fictício, pois seus interesses são outros.
E depois de uma dramática atuação militante e eleitoreira, os gritos são silenciados e termina a epopeia criada em busca de transformações sociais.
Agora, já não veremos mais esses lutadores nas ruas e o mundo volta ao seu cotidiano. E aquelas críticas convenientes só retornarão, no proximo processo eleitoral.
Mas lembremos, as eleições passam, a cidade de verdade fica. Suas lutas continuam, mas agora, a frente delas, não veremos ativos os atores da conveniência, mas enxergaremos os verdadeiros defensores da democracia, da coletividade e do povo. Observemos direitinho, e assim será possível separar o joio, do trigo.