
Conhecida por sua rica produção cultural e por um carnaval que atrai turistas do mundo inteiro, Olinda carrega a fama de cidade histórica e pulsante em tradições. Suas ladeiras, casarios e manifestações artísticas são cartões-postais que a colocam entre os destinos turísticos mais encantadores do país. No entanto, passada a folia de Momo, resta a pergunta: o que acontece com a cidade durante o restante do ano?
A resposta, infelizmente, é o silêncio. O calendário cultural praticamente desaparece após o carnaval. Não há festivais, feiras, nem eventos públicos organizados pela Prefeitura. O vazio é quebrado, aqui e ali, por iniciativas isoladas da sociedade civil, como o “Festival Olinda Aberta” e o “Festival Lá na Treze” — ações que, mesmo sem ou com pouco apoio institucional, tentam manter viva a chama da cultura local.
O São João, festa de enorme relevância no Nordeste por sua força cultural e potencial de movimentação econômica, representa uma oportunidade desperdiçada em Olinda. Em vez de apostar nessa celebração tradicional, que poderia ampliar o protagonismo da cidade no circuito cultural do estado, a gestão municipal se mantém na inércia.
Exemplos de que Olinda tem potencial para um São João vibrante não faltam. Grupos como o Boi da Macuca, espaços como a Casa da Rabeca, além das festas da Rua da Boa Hora e da Rua da Palha, artista como Bendito da Sanfona e Mãe Beth do Coco são manifestações vivas da cultura junina local. Ainda assim, essas e outras iniciativas esbarram na falta de incentivo e apoio do poder público.
Por que a Praça do Carmo não pode ser um polo de festejos juninos, a exemplo do Sítio da Trindade, em Recife? Por que o Mercado da Ribeira não pode abrigar um grande palhoção com apresentações de quadrilhas? Por que o Alto da Sé não pode ser transformado em um espaço gastronômico com comidas típicas da época? São ideias simples, de fácil execução, mas que não saem do papel por falta de interesse ou planejamento da atual gestão.
Vale lembrar que, mesmo seis meses após o carnaval, a Prefeitura ainda não quitou os pagamentos de cerca de 97% dos trabalhadores da cultura. Além disso, a execução da Lei Aldir Blanc, que deveria fomentar a produção artística no município, segue travada.
Enquanto isso, o São João passa em branco em Olinda — uma cidade que tem tudo para celebrar a cultura o ano inteiro, mas que segue limitada por uma gestão que tem dificuldade em fomentar a cultura local e que pouco dialoga com seus fazedores de cultura.