
Manifestação bloqueou vias, queimou pneus e pressionou autoridades por alternativas e diálogo
Carroceiros das cidades de Recife, Olinda e Paulista realizaram, na manhã desta segunda-feira (16), uma série de protestos simultâneos contra a proibição da circulação de veículos de tração animal nas áreas urbanas. A mobilização paralisou avenidas estratégicas, provocou retenções no trânsito e reacendeu o debate sobre a política de substituição da tração animal na Região Metropolitana.
Os atos aconteceram em pontos como a BR-101 (nos trechos dos km 65 e 71), nas avenidas Agamenon Magalhães, Abdias de Carvalho, Caxangá e na Encruzilhada, no Recife, além do bairro de Peixinhos, em Olinda. Os manifestantes bloquearam as vias e atearam fogo em pneus, o que gerou grande quantidade de fumaça e obrigou a intervenção do Corpo de Bombeiros e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A principal reivindicação dos carroceiros é a suspensão imediata da aplicação da Lei Municipal nº 17.918/2013, que proíbe a circulação de carroças puxadas por animais no Recife. Embora a legislação exista desde 2013, sua regulamentação e aplicação plena vêm sendo prorrogadas nos últimos anos. O prazo final para a retirada completa das carroças terminou em maio deste ano, acirrando os ânimos da categoria, que denuncia falta de diálogo e alternativas reais de trabalho.
“Estamos sendo empurrados para a fome. Não somos contra o cuidado com os animais, mas ninguém da prefeitura nos chamou para conversar. Querem tirar nosso sustento sem nos dar nada em troca”, desabafou um dos manifestantes.
Durante o protesto, o motorista de ônibus Paulo Cordeiro, de 61 anos, morador do Coque, desceu da moto e se uniu aos carroceiros em sinal de apoio. “São pais de família, trabalhadores. O que está sendo feito é injusto. É preciso que a Prefeitura dialogue com eles”, afirmou.
A pressão da mobilização surtiu efeito: uma audiência pública foi marcada para as 15h desta segunda-feira na Câmara Municipal do Recife, com a participação de representantes da categoria, vereadores e membros do poder público.