No ano de 1888, a nossa história foi marcada pela formalização da abolição. Que se deu a partir de muita luta e resistência da população negra daquela época e por interesses industriais da Inglaterra.
Uma conquista que trouxe consequências que se escoam até os dias de hoje, já que essa abolição veio sem nenhum plano ou política pública que garantisse a sobrevivência e empregabilidade dos então recentes “libertos”, os deixando na mesma posição social, já que se mantiveram, em sua esmagadora maioria, nas tarefas e trabalhos ocupados antes, sem muita perspectiva da real liberdade se submeteram a trabalhos ainda em situação escravista pela sobrevivência. O que nos traz aos dias atuais, onde continuamos ocupando subempregos e a maioria dos números do desemprego.
Reflexos que não são diferentes para a mulher negra. As mulheres “abolidas” ocupavam tarefas de cuidadoras, de prostitutas, estavam no papel de abusadas sexualmente por seus senhores, lavar roupas, trabalhar como amas-de leite, vender quitutes, peixes, tecidos, objetos. No novo sistema era possível comprar sua alforria, o que não era comum, já que parte do dinheiro conquistado voltava para seus senhores, que em poucos anos já teria de volta o dinheiro pago pelo escravo.
E como isso se reflete nos dias atuais? São mulheres negras que continuam ocupando os subempregos, recebedoras dos menores salários, mesmo quando ocupam o mesmo cargo de outra mulher não negra, são as que continuam ocupando majoritariamente os cargos de cuidados, sejam de pessoas ou de casas, entre os dados do desemprego são maioria, entre os dados de chefes de família são maioria, nesses ainda se enquadram os de mãe solo, o corpo mais sexualizado mundialmente é o da mulher negra, que também ocupa a maioria dos dados de feminicidio e estupro no nosso pais.
Ainda vivemos os dados de uma abolição desordenada para a população negra.
Ainda precisamos resistir ao racismo que se perdura entre os séculos. A luta da atualidade ainda é pela correção dos danos causados pela abolição. No dia de hoje rememoramos a luta dos povos escravizados, rememoramos para que um dia possamos de fato ser livres!